16/01/2024

FOMO: a fome da alma


A inveja sempre existiu, mas, com a ascensão das redes sociais, ela se repaginou e se tornou uma mal-estar coletivo. O fato de você checar o seu celular o tempo todo pode estar minando o seu poder pessoal e fazendo com que você acredite que tem uma vida vazia e sem graça. Pode ser que você esteja vivendo as sensações do FOMO, um fenômeno típico da contemporaneidade.

Você tem medo de não estar vivendo “direito”? Essa pode ser uma grande questão filosófica. Mas, na maioria das vezes, não passa de comparação entre a sua vida e a das pessoas com quem você se conecta. Acontece que, com as redes sociais, as pessoas com as quais nos conectamos não se apresentam em sua inteireza. As vulnerabilidades e os dias nublados são deletados, e ficam apenas os registros do tipo “as 100 coisas para fazer antes de morrer”: pessoas comendo nos melhores restaurantes, indo ao festival de música mais famoso do momento, explorando países exóticos, fazendo as declarações de amor mais apaixonadas e construindo carreiras de sucesso. 

Em resumo, parece que todo mundo vive na euforia de uma sexta-feira à noite, e nunca na monotonia de um domingo ou com o senso de responsabilidade de uma segunda-feira de manhã.

E é assim que temos nos acostumado a pensar que a vida deve ser.

No Poema em Linha Reta, Fernando Pessoa escreve: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. E nisso somos levados a crer que nossa vida é diminuta demais. Devemos estar perdendo algo e uma atitude precisa ser tomada!

Essa apreensão de que os outros possam estar tendo experiências gratificantes das quais não fazemos parte é um fenômeno que desde o início do século tem ganhado corpo. É conhecido pelo acrônimo FOMO (Fear of Missing Out – ou em tradução livre: “medo de estar perdendo algo”, “medo de ficar de fora”) e uma pesquisa da Universidade de Essex apontou que mais de 75% dos adultos conectados à internet já passaram por isso.

Pelo dicionário de Cambridge, FOMO é descrito como “a ansiedade causada pela sensação de estar perdendo eventos emocionantes que outras pessoas estão vivendo, e que é agravada por coisas que vemos nas redes sociais”.

CONECTADO 24/7

Uma das manifestações do FOMO é o desejo de permanecer conectado ao que os outros estão fazendo. Essa é uma forma de não perder nada. Ainda que digitalmente. De acordo com pesquisa recente realizada pela Hibou e divulgada este ano, 91% dos brasileiros não conseguem ficar longe do celular por mais de uma hora. Além disso, 60% dos entrevistados afirmaram que perdem a noção do tempo vendo posts e vídeos no celular e são 66% os respondentes que afirmaram dar uma olhada no celular caso acordem no meio da noite.

Dificilmente estamos concentrados na realização de uma única atividade por vez, presentes no momento. Acordamos e vamos dormir tendo o smartphone como primeira e última imagens do nosso dia. Mexemos nele enquanto comemos e tem gente que o carrega até mesmo para o banheiro. Ás vezes, assistimos à televisão com uma segunda tela, o celular, comentando tudo em nossas redes sociais ou mesmo entrando em contato com outros tópicos de assunto ao mesmo tempo. Rolamos os infinitos feeds até que não tenhamos mais atualizações (o que é quase impossível) e checamos o celular a todo tempo só para ter a certeza de que não recebemos alguma notificação, por mais insignificante que fosse.

Fonte: revistainspira.com

Se você se identificou com as características do FOMO ou dos caçadores de sensações, procure um psicanalista ou psicólogo que possa lhe ajudar a ressignificar esses sentimentos.

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