Existe dentro de nós uma parte silenciosa e atenta — o Eu Observador. É esse aspecto da consciência que consegue perceber os pensamentos sem se perder neles, sentir emoções sem ser arrastado por elas, notar comportamentos sem precisar justificá-los. Cultivar o Eu Observador é como acender uma luz interna que ilumina, mas não acusa; que mostra, mas não condena.
Durante grande parte da vida, fomos condicionados a reagir com crítica quando olhamos para dentro. “Você não deveria sentir isso.” “Por que errou de novo?” Essa voz interna dura pode parecer disciplina, mas, na verdade, ela nos distancia do autoconhecimento. O verdadeiro crescimento nasce da escuta, não da censura. Quando trocamos o julgamento por curiosidade compassiva, abrimos espaço para uma transformação mais leve e verdadeira.
A prática da autoconsciência sem julgamento começa com pequenos gestos: notar um pensamento automático sem se identificar com ele; respirar fundo diante de uma emoção intensa e apenas observá-la, como quem assiste nuvens passando no céu. Não se trata de se afastar das emoções, mas de criar um espaço interno onde elas possam existir sem tomar as rédeas.
Com o tempo, esse olhar se torna mais presente, mesmo em situações desafiadoras. Ao invés de reagir no impulso, passamos a responder com consciência. E quando erramos — porque errar é humano —, o Eu Observador nos estende a mão, ao invés de apontar o dedo. Ele nos lembra que somos processo, não produto acabado.
Desenvolver esse olhar compassivo sobre si é um ato de coragem e amor. É aprender a estar consigo mesmo como estaríamos com um amigo querido: com respeito, escuta e acolhimento. E, aos poucos, essa presença transforma nosso jeito de viver — por dentro e por fora.
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