03/07/2025

Somos assim


"Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram."

Esse trecho está espalhado pela internet como se fosse de os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski, mas é, na verdade, uma interpretação de Rubem Alves sobre o texto do autor russo.Falando nele… Rubem foi um psicanalista, professor, teólogo e escritor brasileiro. Defensor de um modelo mais livre de educação, ele tentava criar em seus alunos “a alegria de pensar”.

Retirando o trecho da sua obra e criando uma reflexão pra vida, qual certeza anda te impedindo de voar?

Seja no âmbito profissional, pessoal ou nos relacionamentos, é comum criarmos a ideia de que existe algo nos prendendo. Como se a nossa ausência de liberdade fosse culpa de um estranho que nos engaiolou.Você já deve ter escutado alguém dizer que queria voltar no tempo para prestar outro vestibular. Ou ter “largado tudo” e mudado de cidade. Ou ter escolhido outra pessoa na hora de casar.É claro que realidades diferentes implicam em diferentes obrigações. Sabemos que muitas escolhas são privilégios, mas, quantas pessoas abrem mão do voo pela ausência de certezas?Sair de um relacionamento é arriscar o vazio de estar sozinho. Porém, ficar em uma situação que não te satisfaz, significa perder a chance de estar em outra que poderia te fazer feliz.

Da mesma forma, mudar de carreira, de círculo de amizades ou de cidade é como mergulhar no escuro.

Antes de tentar, você não sabe se abrir uma empresa pode dar mais certo do que continuar com a carteira assinada. Pensando além, você não sabe nem se a sua felicidade mora perto ou longe do seu sucesso profissional.De qualquer forma, parece mais fácil dizer que não fazemos o que queremos por culpa do tempo ou das circunstâncias. É como se deixar as nossas vontades guardadas na caixinha do “e se” nos poupasse de encarar a realidade.No fundo, talvez sejamos responsáveis por muitas das nossas prisões. Em vez de focar naquilo que não dá pra mudar, pense com sinceridade: se as portas das gaiolas estivessem abertas, você voaria?

Bruno Costa


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