A paranoia é uma psicose que se caracteriza pelo desenvolvimento de desconfiança ou suspeição altamente exagerada e injustificada, a qual chega a se tornar um delírio crônico, lúcido e sistemático, dotado de uma lógica interna própria e não associado a alucinações. Os temas mais frequentes desses delírios são grandeza, perseguição e ciúmes. A paranoia não acarreta deterioração das demais funções psíquicas além do juízo de realidade, característica que a distingue da esquizofrenia paranoide. No paranoico, um sistema delirante totalmente anômalo pode conviver com áreas bem conservadas da personalidade, pelo que a repercussão da paranoia no funcionamento geral do indivíduo é muito variável, mas, de modo geral, menor que na esquizofrenia.
Quais são os principais sintomas da paranoia?
O principal sintoma da paranoia é um desenvolvimento delirante interpretativo e sistematizado. Geralmente não há sinais de alterações patológicas das principais funções mentais (percepção, memória, raciocínio, etc.). Trata-se de indivíduos com alto grau de desconfiança, suspeição e hipersensibilidade (personalidade paranoide), que acentuam aos poucos essas características ou as têm acentuadas por determinadas lesões cerebrais, abuso de substâncias anfetamínicas, álcool ou outras, tornando-se cada vez mais excêntricos e se afastando progressivamente mais e mais do convívio social.
Em sua forma aguda, ela pode surgir em indivíduos predispostos que tenham experimentado grandes mudanças vivencias como imigrantes, refugiados, recrutas, recém saídos de casa, pessoas que sofreram grandes perdas perceptivas (especialmente auditivas), etc.
Um caso especial é o da chamada paranoia compartilhada, ou “folie à deux”, em que o paranoide induz outra pessoa que lhe seja próxima a participar de seu delírio. Quase sempre se trata de um casal.
Quais as causas da paranoia?
Não há uma causa única que possa ser especificada. Uma constelação de fatores parece ter importância:
FATORES GENÉTICOS: Pesquisas recentes têm indicado que distúrbios paranoides são mais comuns em parentes de pessoas com esquizofrenia do que na população em geral, mas ainda não se sabe com certeza se os distúrbios paranoides são hereditários ou não.
FATORES BIOQUÍMICOS: Também ainda não houve estudos bioquímicos definitivos com a paranoia. O uso abusivo de drogas como anfetaminas, cocaína, maconha ou LSD pode desencadear pensamentos paranoides em pessoas predispostas.
STRESS: Algumas pessoas reagem com uma forma aguda de paranoia, quando submetidas a uma situação estressante. Nesses casos estão aqueles que sofreram mudanças bruscas e inesperadas em suas vidas. Contudo, o stress não parece atuar por si mesmo, havendo necessidade da concorrência de um defeito genético ou uma anomalia cerebral que predisponham à paranoia.
Como evolui a paranoia?
Apesar das dificuldades de tratamento, esses pacientes podem conviver em família e em sociedade, embora motivem frequentes situações de conflitos. Geralmente não levam uma vida tão reclusa ou solitária quanto a dos esquizofrênicos, nem sofrem uma deterioração mental tão devastadora como a que ocorre a eles. Embora suas ideias paranoides sejam inabaláveis e os dote de crenças e comportamentos exóticos, elas convivem com ideias e comportamentos normais. Esses pacientes, na dependência do seu grau de doença, conseguem conviver em família, estudar e manter uma atividade laboral. Os sintomas são menos bizarros do que os da esquizofrenia paranoide e causam menos desorganização da personalidade e ruptura na vida social e familiar.
O distúrbio paranoide é um processo evolutivo. Começa por desconfianças e suspeitas vagas e posteriormente se estrutura como um delírio crônico, mas se estabiliza em certo ponto da sua evolução e assim permanece para sempre.
Dr. Alonso Augusto Moreira Filho e Dra. Vandenise Krepker de Oliveira
Fonte:ABCMED
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