28/10/2024

A opção pelo zolpidem


Um psicofármaco (remédio psiquiátrico) que virou a bola da vez para combater o transtorno de insônia.

Este remédio neuropsíquico está tendo um consumo exponencial comercializado de forma global como uma solução ‘em tese e a priori’, bem recepcionada pelo tecido social para enfrentamento da insônia. O objetivo do Zolpidem, tem sido apontado como um indutor do sono da paz de espírito e reparador, porém, existem divergências.

O prescritor e o paciente, seja este um partilhante ou analisando, precisam ter um diálogo aberto e franco para compreenderem a farmacodinâmica e farmacocinética do Zolpidem. Muitas pessoas ingerem anos a fio o Alprazolam para transtorno de pânico e Ritalina (metilfenidato) para se manter ativo, e não referem ao seu médico possuindo insônia de rebote.

E muitos que tomam durante muitos anos o Rivotril (clonazepam) desejam fazer transição para Zolpidem (Hemitartarato) entretanto, desejam o ‘IR’, de liberação imediata e não querem tomar o ‘ER’, de liberação prolongada porque dominam conhecimentos sobre a concentração plasmática. São situações que tem gerado muitas resistências ao Zolpidem.

Temos que ter em mente que o Zolpidem é mais uma opção no arsenal de combate a insônia. Não é estação final ou estado-de-arte de que será a panaceia para tudo e a vitória final sobre a insônia. É necessária maturidade para uso do Zolpidem.

Algumas considerações sobre os mecanismos do Zolpidem

Para entender esse ponto também de reflexão, o Zolpidem é encontrado comercialmente na forma de liberação imediata, sigla ‘IR’ e de liberação prolongada, ‘ER’. A formulação em comprimidos de duas camadas de Zolpidem ER por ex, 12,5 mg, permite a liberação bifásica do medicamento no organismo.

No metabolismo chamado de primeira passagem, em média, dizem especialistas, 60% do conteúdo é metabolizado tão rapidamente quanto que é encontrado no Zolpidem-IR, com uma consequente elevação da concentração plasmática. Então as doses para insônia crônica variam de 5. 10 e 20 até 200 mg, e isso pode induzir um efeito até anticonvulsionante e relaxante muscular.

A reações relacionam-se com a dosagem. Isso precisa ser bem assimilado. E vale salientar que entre 45 a 120 min após ingestão, atinge concentração plasmática máxima média. A excreção se dá pela urina e fezes. A meia vida tem sido curta, de 2,5 horas em pessoas saudáveis (pico de ação, do efeito). E ainda, muitos especialistas usam para reduzir a ansiedade, a chamada poliaplicação.

Uma ausência crônica

Porque o sono também tem a questão orgânica. A ausência crônica de sono poderá deflagrar um quadro grave de saúde mental. A questão não pode ser encarada apenas como uma questão de achar ou não o melhor psicofármaco (remédio). O mero entendimento de que o Zolpidem é a melhor opção de remédio e que os demais deverão ser substituídos numa transição, visando melhorar a performance do sono é equívoco e um risco.

Até porque o Zolpidem não é um remédio para uso linear anos a fio. O que vai ser realmente determinante será o acesso ao inconsciente pelas ferramentas adequadas e o levantamento das causas reais que estão gerando o transtorno da insônia.

O enfoque precisa ter uma interface inter, pluri, multi e transdisciplinar, além de poli, meta e ecodisciplinar. O meio ambiente também começou a ter um peso forte na análise. Esse corte transversal é de suma importância para se debelar o quadro clínico.

www.psicanaliseclinica.com

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