02/10/2024

O Sonho de Jung



"Tive um sonho que me assustou e me animou ao mesmo tempo.

 Era de noite, e encontrava-me num lugar desconhecido.

Avançava com dificuldade contra um vento forte.

Uma densa bruma cobria tudo.

Nas minhas mãos em forma de taça, tinha uma débil luz que ameaçava extinguir-se a todo o momento. 

A minha vida dependia dessa débil luz, que eu protegia preciosamente, derrepente, tive a impressão de que algo me seguia. Olhei para trás e apercebi-me da forma gigantesca de um ser que me seguia e avançava atrás de mim. Mas ao mesmo tempo estava consciente de que, apesar do meu terror, devia proteger a minha luz através das trevas e contra o vento.

Ao acordar dei-me conta que a forma monstruosa era a minha sombra, formada pela pequena chama que tinha acendido no meio da tempestade. Sabia também que aquela frágil luz era a minha consciência. A única que possuía, confrontada com o poder das trevas, era uma luz, a minha única luz." (Recuerdos, Sueños e Pensamientos – Carl Jung)

De acordo com Jung, a Sombra é a parte da personalidade que a pessoa não reconhece em si mesma.

Ainda que repudiada, ela é parte integrante de nossa natureza, não podendo ser simplesmente eliminada.

A Sombra pode ser também um campo fértil, fonte de espontaneidade, vitalidade e principalmente de criatividade.

O encontro com a própria Sombra é parte importante do que Jung chamava de Processo de Individuação.

A sombra sempre está aí atrás de mim e me observa.

Se fixo somente a luz… não vejo a sombra.

Se mergulho na escuridão… não vejo a luz.

Percebo-a pela projeção. Aumento-a pelo significado.

Só no equilíbrio encontro a totalidade e portanto, sou livre.

A luta é sempre interna. E sem máscara me reconheço.

Me liberto dos medos e me curo.

Sei que é neste movimento entre a luz e a sombra que me transmuto.

Então me permito sonhar e deixar cada um seguir o seu sonho.

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