23/05/2025

"Quem vê demais, acaba não cabendo em lugar nenhum." Friedrich Nietzsche


Essa frase não é apenas uma observação — é um sussurro do abismo.  

Há um ponto sem retorno em nossa consciência: aquele instante exato em que acordamos para verdades que não podem mais ser des-vistas.  

Verdades sobre o mundo. Sobre as pessoas. Sobre nós mesmos.

Nietzsche, mestre em atravessar o escuro, sabia que o conhecimento ilumina, mas também queima.  

Ver demais é perder o privilégio da ignorância. É não poder mais se encaixar em narrativas confortáveis, é carregar um olhar que incomoda — até a si mesmo.

“Aquele que vê muito carrega uma solidão profunda” — porque passa a viver num território onde o senso comum não alcança.  

Os laços antigos afrouxam. Os cenários familiares tornam-se irreconhecíveis. O que antes acolhia, agora sufoca.  

É o preço da lucidez.

E não, não se trata de superioridade.  

Mas de um tipo específico de exílio: aquele que acontece quando a alma cresce mais do que o espaço ao redor.

Mas há um paradoxo nesse desencaixe:  

Essa solidão, se sustentada com verdade, pode se tornar um templo interno.  

Um lugar fértil, autêntico, onde encontramos outros que também despertaram — e onde a conexão, embora rara, é profundamente real.

Ver demais é um fardo, sim.  

Mas também é liberdade.  

A liberdade de não mais viver adormecido.  

E de encontrar beleza, mesmo na margem.

Se você se sente deslocado, talvez seja porque você enxerga o que os outros ainda não suportam ver.  

E isso, embora doloroso, é o primeiro passo para viver com os olhos — e o coração — totalmente abertos.

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