E os “ventos” de Ares sopram novamente pelo mundo. Na Grécia Antiga, Ares era o deus da guerra. Seu nome de origem grega é relacionado a “aré” ( desgraça, violência, destruição). Sófocles o chamou de “o flagelo dos homens, o bebedor de sangue”, que nem mesmo junto ao Olimpo encontra simpatia. Ares não se preocupa com a causa que luta, pois o que importa para ele é estar no campo de guerra levando destruição. Acompanhado de Éris (a discórdia), Quere, com suas vestes de sangue, e dos filhos que teve com Afrodite, Deimos (o Terror) e Fobos (o medo), além de Enio (a devastadora), deixa seu rastro de destruição por onde passa. (Junito)
No entanto, na condição de arquétipo, é importante que cada ser do mundo se pergunte onde alimenta as próprias guerras, que terminam por gerar no coletivo essas forças destruidoras por toda parte. Como nos ensina Jung, quando a sombra se mostra por toda parte, é que já encontrou guarida em cada indivíduo.
E alimentamos a guerra quando nos prendemos ao próprio egoísmo, e não olhando ao redor deixamos de atuar nas injustiças que campeiam em toda parte. “Afinal, não é comigo....” mas é sim, com a gente.
E quando perguntarem: afinal, quem tinha razão? Sociólogos fundamentarão opiniões, cientistas políticos contra-argumentarão, historiadores apontarão ao passado, religiosos entrarão em prece, leigos darão seus palpites. A única certeza, no entanto, é que enquanto as discussões prosseguirem, e a violência for resposta à violência, viúvas/os chorarão seus amores, pais/mães chorarão por filhos/as e filhos/as lamentarão suas orfandades. Os cemitérios estarão cheios dos corpos que puderam ser encontrados, e os escombros serão testemunhas da passagem de Ares.
Afinal, quem tem mesmo razão?
Cláudio Sinoti
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