Muita gente acredita equivocadamente que o inconsciente é uma espécie de “lixão mental”.
De fato, algumas afirmações de Freud podem sugerir essa ideia de que ele seria tão-somente uma área da mente onde descartamos aquilo que não cheira bem.
Contudo, na maior parte do tempo, o pai da Psicanálise fazia questão de caracterizar o inconsciente como sendo essencialmente… um conjunto de RACIOCÍNIOS.
Sim!
Ao falar, por exemplo, sobre os atos falhos, Freud deixa claro que o que está em jogo são determinados PENSAMENTOS que perturbam a intenção consciente do sujeito.
Ieda planeja mandar uma foto picante para o marido e, quando se dá conta, está abrindo o contato do colega de faculdade.
O que está acontecendo num caso como este?
Entre o pensamento consciente “Vou mandar uma foto picante para meu marido” e o ato de fazer isso se interpôs um SEGUNDO pensamento, INCONSCIENTE, que pode ter sido:
“Na verdade, eu gostaria mesmo era de mandar esta foto para o meu colega.”
Por estar mais carregado afetivamente naquele momento (sabe-se lá por que…), esse segundo pensamento “venceu a batalha” com o primeiro.
Por isso, a moça se enganou e abriu o contato do colega.
Percebe? O inconsciente, na verdade, é o nome que a gente dá em Psicanálise para um conjunto de RACIOCÍNIOS que acontecem em nós à revelia da consciência.
É como se fosse uma segunda mente que opera silenciosamente e de acordo com critérios que passam longe da razão tradicional, da eficiência e do bom senso.
Ainda que tenham sido alguns poucos segundos, Ieda perdeu tempo abrindo o contato do colega do invés de ir direto para a conversa com o marido.
E a coisa poderia ter sido muito pior: imagine se ela não tivesse percebido o equívoco e acabasse mandando a foto para o colega?
— Nossa, Lucas, mas isso é perigoso. Não tem como controlar esse inconsciente, não?
Não. Nós não somos capazes de acolher na consciência todos os pensamentos que atravessam nossa alma.
O máximo que podemos fazer é ter coragem para escutá-los quando se manifestam.
E é para isso que a gente faz Psicanálise.
Lucas Nápoli
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