01/05/2024

Bicorporeidade e Transfiguração


A chave dos fenômenos espirituais está no perispírito, que Allan Kardec define como o envoltório semimaterial dos agentes inteligentes do mundo invisível – os Espíritos. É por intermédio desse corpo fluídico que as potências inteligentes agem sobre a matéria propriamente dita.

Entre as manifestações visuais dos Espíritos, há o fenômeno designado como bicorporeidade. Tal fenômeno contribui para se reunir os elementos comprobatórios da existência do envoltório semimaterial dos Espíritos, e que se encontra presente igualmente nos homens. Por isso, Allan Kardec verifica a existência de dois corpos: o corpo orgânico e o corpo anímico.

Com efeito, o fenômeno de bicorporeidade só pode ocorrer quando o Espírito está encarnado, ou seja, além do envoltório semimaterial, quando está também intimamente vinculado a um corpo orgânico, que sofreu todo o processo de ontogênese da vida orgânica, diferente do agênere, que é precisamente a manifestação de um corpo com grande semelhança com o corpo físico, inclusive os aspectos de opacidade e solidez, mas que no entanto não sofreu o processo de ontogênese da vida orgânica, não foi efetivamente gerado pelo comumente processo biológico.

Disso decorre que o agênere (não gerado) é um tipo de manifestação visual produzida por um Espírito desencarnado, e que o fenômeno de bicorporeidade é determinado por um Espírito encarnado, isto é, a manifestação do Espírito de uma pessoa viva. De fato, o corpo anímico é igualmente não gerado, mas, na bicorporeidade ele é reconhecido como a representação fiel do corpo orgânico de uma determinada pessoa viva, por isso a expressão “corpo duplo”, que quer designar que uma pessoa fora vista simultaneamente em lugares diferentes, como a história antiga relata acerca de Pitágoras, Vespasiano e Santo Antônio de Pádua, por exemplo.

Assim, tanto os vivos como os mortos provocam fenômenos que rigorosamente observados podem levar a um compreensão relativa da natureza espiritual da criatura. O Espírito de pessoas vivas são vistos simultaneamente em lugares diferentes, ou aparecem em locais bem distantes de onde se encontra seu corpo físico, justamente porque o Espírito não é algo absolutamente inapreensível, abstrato, não circunscrito, mas sim possuidor de um envoltório semimaterial, o seu corpo espiritual, pré-existente e sobrevivente a destruição do corpo orgânico.

A natureza fluídica do perispírito permite uma mudança considerável de suas propriedades, a ponto de se tornar visível e tangível para os homens, quando também combinado com fluidos próprios que desprendem do médium. De outro modo, o perispírito do médium pode se expandir e apreender diretamente, isto é, sem a intermediação dos sentidos físicos, a presença do Espírito, nesse caso a pessoa vê por meio da irradiação da alma e não com os olhos físicos. Como se vê, a participação do perispírito é fundamental nos fenômenos de manifestações visuais, e de todos os outros.

De outra forma, o perispírito tem considerável participação no fenômeno raro designado por transfiguração. Esse fenômeno é concernente também a uma atividade específica do perispírito de pessoas vivas. Allan Kardec o defini como “modificação do aspecto de um corpo de vivo”.

Pelo efeito que o fenômeno provoca, ele é um dos mais surpreendentes da fenomenologia mediúnica, pois chega a determinar a modificação absoluta do aspecto de uma pessoa viva, desde a fisionomia às dimensões corporais.

Contudo, a sua compreensão é relativamente simples, quando se considera a natureza fluídica do perispírito, do envoltório semimaterial existente também em todas as pessoas vivas, uma vez que o homem é tão somente um Espírito encarnado. Com efeito, é o perispírito que se dilata ao redor da pessoa, e combinado-se com outros fluidos específicos, oferece a matéria pima para a modelagem do corpo ou da fisionomia absolutamente estranha a da pessoa viva. Assim, os fluidos, que estão por toda parte, que desprendem das pessoas, que constituem o perispírito, servem de matéria-prima para a ação dos Espíritos nas manifestações espirituais. A matéria, tal como a concebemos e que fere os nossos sentidos, bem como os seus infindáveis estados, derivam da matéria elementar, designada no Espiritismo por fluido cósmico universal – é a substancia elementar, sutilíssima, o princípio material com o qual se deriva todas as coisas pelo processo de modificação de seu estado primitivo. Por isso os fluidos estão por toda parte, porque o princípio material é um elemento universal, o fundamento ontológico de toda a realidade, tal como o princípio inteligente e Deus: a trindade universal.

Para concluir, deixamos a própria explicação de Kardec, que é tão clara e outra em seu lugar só atrapalharia, do fenômeno surpreendente da transfiguração, isto é, da modificação do aspecto do corpo de uma pessoa viva:

“Imaginemos então o perispírito de uma pessoa viva, não fora do corpo, mas irradiando ao redor do corpo de maneira a envolvê-lo como uma espécie de vapor. Nesse estado ele pode sofrer as mesmas modificações de quando separado. Se perder transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, velar-se como se estivesse mergulhado num nevoeiro. Poderá mesmo mudar de aspecto, ficar brilhante, de acordo com a vontade ou o poder do Espírito. Outro Espírito, combinando o seu fluido com esse, pode substituir a aparência dessa pessoa, de maneira que o corpo real desapareça, coberto por um envoltório físico exterior cuja aparência poderá variar como o Espírito quiser.”

Referência:Bicorporeidade e Transfiguração. O Livro dos Médiuns, tradução de José Herculano Pires.

Fonte: oespíritoeotempo.wordpress.com

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