10/05/2024

Distorções Cognitivas Comuns que Complicam Sua Vida


Imagine que a sua mente é como um navegador poderoso, mas às vezes, ele abre abas que você nem percebeu. Algumas delas podem estar tocando músicas que desafinam a trilha sonora da sua vida. Estas abas são as distorções cognitivas, pequenos bugs no sistema que podem causar grandes confusões. São lentes embaçadas que alteram a forma como vemos a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor, influenciando nossas emoções e ações.

Agora, pense num dia comum: como você interpreta os olhares das pessoas, os feedbacks no trabalho, ou até o seu desempenho em tarefas diárias? É provável que, sem notar, você esteja adicionando um tempero a mais na forma como processa essas situações, um tempero que nem sempre condiz com a realidade. Esses são os momentos em que as distorções cognitivas estão atuando, e conhecer sobre elas pode ser o primeiro passo para ajustar o sabor da sua experiência diária.

Compreender esses padrões é como aprender a desativar alarmes desnecessários. Ao invés de deixar essas abas abertas, afetando a forma como nos sentimos e agimos, podemos aprender a fechá-las uma a uma. Assim, nossa mente pode se tornar mais tranquila e nosso navegador da vida, mais eficiente e menos propenso a nos desviar do caminho que desejamos seguir.

Generalização Excessiva

Já se pegou pensando que tudo vai dar errado só porque algo não saiu como esperado? Isso pode ser um sinal de generalização excessiva. É quando nossa mente pega um acontecimento isolado e cria uma regra universal negativa. Por exemplo, se um encontro não correu bem, a pessoa pode pensar que todos os futuros encontros serão desastrosos. Isso cria uma visão distorcida da realidade, em que um evento pontual se transforma em uma expectativa constante de resultados negativos.

Quebrar esse ciclo começa com a conscientização. Perceber que estamos generalizando demais é o primeiro passo. Depois, desafie esses pensamentos: uma única experiência não define todas as outras. Encoraje-se a ver cada situação como única, reconhecendo que novas experiências podem ter resultados diferentes e positivos. Cada dia é uma nova oportunidade, não uma repetição dos desafios de ontem.

Culpa e Negação

Apontar o dedo é fácil, não é? Quando as coisas saem do trilho, pode ser instintivo culpar os outros pelos nossos problemas ou, no outro extremo, carregar toda a culpa nas costas, mesmo quando a responsabilidade não é totalmente nossa. Esta distorção cognitiva, a de culpar ou negar, frequentemente nos impede de aprender com os erros e de crescer com as experiências vividas. Se algo dá errado e imediatamente procuramos um culpado externo, perdemos a chance de refletir sobre o nosso papel na situação e de buscar melhorias.

No entanto, assumir toda a culpa também não é saudável. Isso pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima. O equilíbrio está em reconhecer que as situações geralmente são complexas e que a responsabilidade pode ser compartilhada. A chave é a autoanálise honesta e a disposição para entender a parte que nos toca em cada problema. Ao invés de culpar ou negar, procure entender como diferentes fatores contribuíram para o resultado e o que pode ser feito para melhorar no futuro. Isso leva a uma postura mais proativa e a um aprendizado que realmente faz a diferença em nossa vida.

O Peso dos “Deverias”

Conhece aquela voz interna que constantemente diz como as coisas “deveriam” ser? Ela pode estar te falando sobre um código de conduta inflexível que você impõe a si mesmo e aos outros. Quando você não atende a essas expectativas rigorosas, a autocrítica vem a galope, muitas vezes injustamente severa. O mesmo ocorre na direção dos outros: quando alguém não age conforme9 o seu “manual de instruções” pessoal, a frustração e o julgamento tomam conta.

Romper com o ciclo dos “deverias” é libertador. Começa pela compreensão de que nem você nem as pessoas ao seu redor são perfeitos e que todos estão em um processo contínuo de aprendizado e crescimento. Aceitar que erros e desvios das “regras” são normais pode aliviar muita pressão. Ao invés de se cobrar ou cobrar os outros incessantemente, tente flexibilizar seus padrões. Adote uma abordagem mais gentil e compreensiva, reconhecendo que cada um tem sua própria jornada e que está tudo bem não seguir o script o tempo todo.

Pensamento Preto no Branco

O mundo não é apenas em preto e branco, sem matizes ou tons de cinza. Mas, se você pensa assim, você pode estar experienciando o que os psicólogos chamam de “pensamento tudo ou nada”. Nesse modo de pensar, as coisas são totalmente boas ou ruins, perfeitas ou desastrosas, sem espaço para meio-termo. Essa mentalidade nos leva a avaliar a vida com uma régua inflexível, onde se não atingimos a perfeição, nos consideramos um fracasso total.

Esse tipo de pensamento é especialmente comum quando se trata de nossas próprias realizações ou aparência. Um pequeno erro em um projeto ou uma imperfeição em nossa aparência pode nos fazer sentir como se tudo estivesse arruinado.

Catastrofização

Imagine que você comete um pequeno erro no trabalho e imediatamente pensa que será demitido. Esse salto para o pior cenário possível é chamado de catastrofização. É como se nossa mente fosse um diretor de cinema que adora criar dramas, transformando preocupações rotineiras em desastres épicos. Ao invés de ver um deslize como algo a ser corrigido, quem catastrofiza vê como o fim do mundo.

Esse tipo de pensamento extremo causa ansiedade desnecessária, e também pode paralisar, impedindo de tomar ações corretivas ou de aprender com a situação.

É possível treinar a mente para sair desse padrão. Começa com a identificação desses pensamentos exagerados e, depois, desafiando-os com questões lógicas: “Qual a probabilidade disso realmente acontecer?” ou “Existem alternativas menos drásticas que eu possa considerar?”. Ao encarar os problemas com uma dose saudável de realismo, conseguimos diminuir a ansiedade e agir de forma mais eficaz.

Rotulação Negativa

Você já se chamou de “inútil” depois de um erro ou se viu como um “fracasso” por não atingir uma meta? Essa prática de se rotular negativamente é uma armadilha mental que pode ser bastante prejudicial. Ao nos rotularmos, estamos essencialmente colocando uma etiqueta fixa em nossa personalidade ou habilidades, baseada em uma ou poucas situações. Isso ignora nossa capacidade de mudar e crescer e pode nos manter presos em uma autoimagem negativa.

Essas etiquetas negativas são como roupas mal ajustadas: limitam nosso movimento e conforto, não refletindo quem realmente somos. Ao invés de rotular a si mesmo com termos negativos, é mais produtivo reconhecer o erro ou fracasso como um evento específico e isolado, não como uma característica imutável do seu ser. Ao descrever o incidente sem julgamento — como “algo que não funcionou” em vez de “eu sou um fracasso” — abrimos a porta para o aprendizado e melhorias, em vez de nos fecharmos em uma caixa de autocrítica.

Duplo Padrão

Muitas vezes somos mais duros conosco do que com os outros. Isso é o duplo padrão, uma distorção cognitiva onde estabelecemos expectativas irrealisticamente altas para nós mesmos, enquanto aceitamos falhas e erros nas outras pessoas. Podemos perdoar um amigo por chegar atrasado, mas nos criticamos severamente pelo mesmo deslize. Essa discrepância cria um campo de jogo desigual em nossas mentes, onde somos sempre o jogador mais fraco.

Essa atitude de ser implacável consigo mesmo pode ser exaustiva e frequentemente injusta. Reconheça que errar é humano e que ter compaixão por si mesmo é tão importante quanto tê-la pelos outros. Aplicando o mesmo padrão de compreensão e aceitação que oferecemos aos outros a nós mesmos, podemos construir uma autoestima mais equilibrada e sustentável.

Cultivar a autocompaixão não só é mais justo, mas também pode nos tornar mais resilientes diante dos desafios, permitindo uma recuperação mais rápida e eficaz após os contratempos.

Fonte:humannia.com.br

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