26/12/2023

A HABILIDADE EM NAVEGAR EM ÁGUAS PROFUNDAS: O OCEANO DO INCONSCIENTE FAMILIAR.


A família é um aquário onde todos respiram da mesma água. 

O inconsciente coletivo é como uma rede Wifi, onde cada elemento se encontra conectado por “vínculos invisíveis” que, inconscientemente, reagem às mudanças das marés, das subidas e descidas de temperatura, abundância ou não de plâncton. 

Este fenómeno de emaranhamento inconsciente entre indivíduos num dado grupo coletivo foi descoberto pelo Psicólogo Suiço Carl Gustav Jung, onde postulou que a consciência humana individual não opera isoladamente, como blocos de estanque, impermeável a influências psicológicas, mas sim emaranhada por destinos e influências inconscientes . Ao longo do seu respeitado trabalho constatou que a Consciência é uma conglomeração de outras consciências e que influenciam o modo como se interpreta a realidade. 

Anos mais tarde, um biólogo e bioquímico Rupert Sheldrake batizou esta descoberta de campos morfogenéticos. O avanço destes estudos permitiram explicar o “efeito estranho” das Constelações Sistêmicas criado por Bert Hellinger, onde antes estavam subjugadas ao misticismo, beneficiando agora de uma razão plausível para emaranhamentos emocionais que ocorrem entre os participantes. 

A existência de um campo coletivo bio-emocional entre indivíduos ainda é revestido de alguma polémica nos cânones científicos, no entanto para os mais atentos e sensíveis, percebem que este fenômeno é real e toca de uma maneira muito particular.

Antes da descoberta do elemento químico oxigênio (O2) no séc. XVIII, o ser humano desconhecia a existência de um composto atómico essencial para a existência da vida, tal como a conhecemos. O Inconsciente Coletivo é o O2 da Consciència onde, independentemente do coletivo implicado, quer seja numa família, num grupo de amigos, numa filiação ou num clube, esse “O2” da ConsciÊncia é inspirado e apodera-se na mecânica do inconsciente individual. 

Uma influência bem mais determinante do que se julga crer, mexendo com uma percentagem elevada com o “Livre-arbítrio”: De onde vem a minha escolha? Da minha própria Individualidade ou do coletivo? 

“NÃO ÉS SÓ UMA GOTA DE UM OCEANO, ÉS O PRÓPRIO OCEANO DENTRO DE UMA GOTA.”

Rumi

A influência do IC é tão forte que supera o Indivíduo, mesmo quando este tenta ir contra as massas coletivas. O ato de oposição representa uma TRANSGRESSÃO que sofrerá uma retaliação externa do grupo, ou interna da própria pessoa. 

Numa família de ladrões, a pessoa que não rouba será o elemento transgressor. Numa família que fala de escassez e doença, ter dinheiro ou ser saudável será tido como uma traição. 

Em todo o trabalho de Individuação promovido pela psicoterapia, o grupo fará sempre questão de apresentar os limites e, não raras as vezes o fará de uma forma muito afirmativa. 

Esta dinâmica é universal e ancestral, presente em todas tribos e clãs. 

Sem esta resistência inconsciente familiar, não haverá crescimento. 

Um exemplo claro de supremacia do IC é o genocídio que muitos povos travam contra certas minorias através de uma crença de superioridade moral, levando a atos violentos que, isoladamente, seriam incapazes de os levar a termo. Não faltam exemplos atuais onde esta realidade é estrondosamente observada.

Aliar-se a dinâmicas desconcertantes e desvalorizantes de uma família, oferece à pessoa um senso de segurança e pertença, garantindo Amor e Apoio. No entanto, quando há uma proposta de crescimento pessoal, a travessia por um sentimento de culpa será impossível de escapar.

A culpa informa da nossa influência sobre um grupo, necessitando de Centro e ConsciÊncia para fortalecer a posição, com dignidade e empatia, caminhando em coerência com os nossos próprios princípios e valores. 

Não existe outro caminho para o crescimento pessoal, pois essa dinâmica psíquica inconsciente faz parte do caminho de Individuação, isto é, o tornar-se Pessoa. 

A terapia serve para fortalecer a nossa posição num lugar de compreensão e empatia, conduzindo-nos a uma postura de maior assertividade e realização. 

A dor do crescimento faz parte da criação de uma estrutura emocional que conduzirá à integridade, independentemente das ondas que resvalam no casco do barco. 

“PREFIRO SER INTEIRO DO QUE SER BOM”.

Carl Gustav Jung

Autor Marco Sousa

Fonte: www.verdadesdocorpo.com

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