17/12/2023

Ansiedade e refluxo gastroesofágico: qual a relação?


Quem nunca sentiu um frio na barriga em um momento de ansiedade? Sejam positivas ou negativas, as emoções influenciam muito a nossa saúde física. Quando persistente, a ansiedade pode, sim, estar relacionada ao refluxo gastroesofágico e hoje vamos conversar um pouco mais sobre esse assunto.

Uma via de mão dupla

Dois estudos investigaram a relação entre distúrbios gastrointestinais funcionais e fatores psicológicos. (referências 1 e 2) E o curioso é que uma estreita relação foi estabelecida entre o cérebro e o trato gastrointestinal. Por exemplo, o estresse e as emoções podem afetar a função gastrointestinal, bem como a ocorrência de sintomas e até desenvolvimento de doenças. Da mesma forma, distúrbios gastrointestinais podem afetar o estado emocional de uma pessoa.

Fatores psicológicos podem influenciar a gravidade do refluxo gastroesofágico, afetando a percepção da dor. Além disso, quando fatores psicológicos acompanham essa condição, o tratamento pode ser um pouco mais desafiador. (referência 1)

Afinal, o que é ansiedade?

De acordo com artigo publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria, ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.

Todo mundo já se sentiu ansioso e ainda vai se sentir muitas vezes ao logo da vida, mas, se a ansiedade é persistente, pode se tornar um problema. Ela passa a ser reconhecida como uma doença quando é exagerada, desproporcional em relação ao estímulo e interfere na qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário da pessoa.

Ainda segundo o artigo, os chamados transtornos ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente.

Ansiedade e o refluxo gastroesofágico

É comum que a ansiedade se relacione com outros problemas, especialmente com o aparelho digestivo e o refluxo gastroesofágico, segundo a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal.

Dores abdominais, má digestão, diarreia e azia são alguns dos incômodos que podem ser causados. Isso porque ela altera, por meio do sistema nervoso, a secreção do suco gástrico, a regulação de fatores ligados à mucosa do estômago e a percepção dos estímulos sensoriais gástricos. Isso pode causar alterações no sistema digestivo.

O refluxo gastroesofágico acontece, justamente, quando existe esse desequilíbrio entre os fatores que agridem e os que protegem a mucosa do esôfago. Em casos mais sepulturas, a ansiedade também pode ser um dos fatores que contribui para desencadear doenças mais graves como úlceras, gastrites, refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritável.

Por que essa conexão acontece?

A parede do tubo gastrointestinal – que abrange parte do esôfago, estômago, intestino grosso e delgado – é cheia de fibras nervosas, neurônios e outras estruturas que formam o Sistema Nervoso Entérico (SNE).

Algumas das funções do SNE são o controle dos movimentos autônomos de alguns órgãos, controle da secreção de ácido gástrico, regulação do movimento de fluidos, renovação de tecidos e interação com os sistemas imune e endócrino dos intestinos.

Além disso, no Sistema Nervoso Entérico, as células nervosas intrínsecas (presentes na parede no trato gastrointestinal) se conectam a células nervosas extrínsecas (vindas do Sistema Nervoso Central (SNC) e formam uma rica ligação entre o SNE e o SNC, mantendo um fluxo de informações. 

O SNE é tão complexo que é conhecido popularmente como “o segundo cérebro”. Agora deu para perceber por que essa relação entre a nossa saúde mental e saúde física estão tão interligadas, não é?

Entretanto, é importante lembrar que a ansiedade é apenas um dos fatores que podem influenciar ou agravar ou gerar um quadro de refluxo gastroesofágico, mas não é o único. Veja outros fatores de risco:

- Hérnia do hiato;

- Obesidade;

- Gravidez ou tratamento com estrogênios;

- Tabagismo;

- Diabetes;

- Diminuição da saliva – A saliva tem um pH alcalino que ajuda a neutralizar e a limpar o ácido do esófago, reduzindo a probabilidade de haver inflamação da mucosa provocada pelo ácido;

- Doenças do tecido conjuntivo e doenças que aumentem a secreção de ácido no estômago.

- Alguns alimentos como gordura, o chocolate, a pimenta, os derivados do tomate, a cafeína e o álcool provocam relaxamento do esfíncter esofágico inferior, podendo contribuir para a ocorrência de refluxo.

Agora já sabe, né? Respire fundo e cuide da sua saúde mental. Junto a outros hábitos saudáveis, isso pode ajudar a prevenir ou até mesmo contribuir para o seu tratamento de refluxo gastroesofágico.

Fonte:fazerbem.com

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