12/03/2024

Você enfrenta seus conflitos?


Existem duas formas clássicas de se acabar com um conflito:

1 – Cada parte vai para um lado e nada mais se conversa, ou

2 – Se chega a um consenso e a vida segue, superando aquele momento de tensão.

Fato é que qualquer uma das opções não torna a situação conflituosa mais fácil ou menos complexa.

Conflito por si só é difícil, complexo e pode ainda ser bastante desgastante.

A maior parte das conversas difíceis, incluindo as conflituosas, termina com pelo menos alguém sentindo-se responsável por aquela situação indesejável, trazendo à tona sentimentos ruins e nada fáceis de serem superados.

Qual é a melhor fórmula para resolver conflitos?

Ou melhor, será que existe um modo ideal de conduzir uma conversa difícil ou de enfrentar uma situação complexa?

Afinal, todos os conflitos precisam ser ruins ou acabar em brigas?

A questão é que os conflitos podem ser benéficos ou, pelo menos, produtivos.

Ao contrário do que muita gente pensa, discordar não é uma patologia. Discordar faz parte de uma relação e é sinal de saúde de um grupo.

Culturas abertas que permitem que queixas sejam tratadas às claras e expostas para serem encaradas produtivamente têm maior probabilidade de criar relacionamentos, negócios e comunidades bem-sucedidas.

Boas relações dependem de conflitos, a ausência dos embates é uma receita de fracasso na certa, pois significa que não há comunicação, não há diálogo, não há trocas e tampouco aprendizado e avanços positivos.

É possível aprender a discutir e ter sucesso?

O problema é que a maioria das pessoas (e eu me incluo aí), nunca aprendeu a discutir. Um conflito se torna difícil quando existe incerteza, insegurança e a situação é importante para você. Mas muitas vezes a situação se complica pela falta de educação ou treinamento específico para enfrentá-los de maneira eficiente e produtiva.

Não estamos treinados e não fomos educados para conversar sobre temas delicados, sem que o diálogo escorregue para debates agressivos e discussões ruins. O padrão comum é adotar estratégias de defesa com falas em tom agressivo e nada assertivas.

Somos assertivos quando conseguimos expressar aquilo que sentimos, pensamos ou entendemos de forma adequada, clara, calma e empaticamente, ou seja, respeitando seus próprios limites e, claro, os limites do outro também.

A empatia começa primeiro em você antes de passar pelo outro.

Nada é mais humano do que sentir aversão a ouvir um ‘não’. Definitivamente, ninguém gosta de ser contrariado. Mas deveríamos aprender desde cedo o que acontece conosco nestas situações: o que é esse sentimento e como lidar com isso.

A contrariedade àquilo que pensamos muda a nossa percepção do mundo, nossa inteligência, nossa zona de conforto, virando tudo de cabeça para baixo.

Por isso, quando somos contestados, nossa primeira reação é nos colocarmos na defensiva, buscando nos explicar ou nos reafirmar perante a situação. Ao passo que na maioria das vezes, o mais adequado seria simplesmente ouvir o que o outro tem a dizer.

Veja que o problema já está no início do diálogo. É difícil começar uma conversa tensa de uma forma empática e assertiva. Porém é fácil reagir de uma forma conflituosa enquanto deveríamos focar na tranquilidade, na calma, na empatia e no senso de colaboração mesmo nos momentos mais críticos.

Definitivamente, atingir este equilíbrio não é uma tarefa fácil. É para poucos – mas é viável para todos. E quanto antes aprendermos e treinarmos, melhor nos sairemos nessa tarefa árdua e complexa. Com o tempo, tudo isto pode até deixar de ser tão complicado assim para nós e encararemos nossos conflitos com naturalidade.

O que os outros vão pensar?

Além destas dificuldades pontuadas, há de se falar também, da nossa cultura da “necessidade constante de aprovação”, ou seja, procuramos a todo tempo que as pessoas validem nossas opiniões em vez de desafiá-las e torna-las ainda melhores.

No entanto, aprender a ouvir percepções e opiniões diferentes das nossas é uma das melhores oportunidades de autoconhecimento e também de desenvolvimento de habilidades pessoais.

Para isso, é preciso sair da zona de conforto e se sentir à vontade.

É estar confortável com o desconforto, abraçar o conflito e conviver com o diferente.

Essencial para iniciar esse comportamento positivo diante de um conflito é entender que nem sempre os dois lados são antagonistas, mas sim, muitas vezes, um time, diverso e diversificado.

Basta organizar a linguagem, apaziguar os ânimos, aparar as arestas, para que o time jogue junto, em busca da vitória de todos.

Giovanna Vasone Coimbra

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