Na busca por resolvermos de modo definitivo essa nossa CARÊNCIA IDENTITÁRIA, podemos acabar nos alienando a certas identidades fixas e rígidas.
Penso, por exemplo, numa paciente que não consegue pedir ajuda a sua chefe, mesmo quando está enfrentando severas dificuldades no trabalho.
Essa moça sempre se percebeu e foi vista pelas pessoas à sua volta como alguém independente, que dá conta de resolver seus problemas sozinha, que não precisa do apoio de ninguém.
Pelo medo de perder essa identidade e ser confrontada novamente com a sua “falta-a-ser” (como dizia o psicanalista francês Jacques Lacan), a jovem se prejudica, mas não pede ajuda…
Lembro-me também de um idoso que acompanhei como estagiário em um ambulatório de lesões dermatológicas.
Aquele senhor tinha uma ferida que já estava em sua perna há tantos anos (décadas!) que ele era conhecido na vizinhança como o “Sr. Fulano da ferida”.
Era fácil entender porque ele não aderia ao tratamento oferecido no ambulatório e sua lesão sempre voltava a se abrir.
De fato, se ficasse curado, não perderia só a ferida, mas também a IMAGEM associada a ela — identidade pela qual era socialmente reconhecido.
Todo o mundo quer uma imagem egoica redondinha para chamar de sua.
O problema é que a gente pode acabar se tornando refém dela.
Lucas Nápoli
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