Todos santo dia, ao chegar no trabalho, Leandro confere se os objetos em sua mesa estão dispostos exatamente na posição em que os deixou no dia anterior.
Jéssica sempre se atrasa para suas sessões de terapia. Embora se esforce para ser pontual, nunca consegue chegar ao consultório da analista no horário marcado.
Rafaela detesta cenoura. Ainda que não tenha notado o legume ou sentido seu gosto, o simples fato de saber que ele está presente já é suficiente para que a moça rejeite a comida.
A maioria das pessoas pensa que esses três comportamentos não significam nada. Seriam apenas idiossincrasias ou “manias” aleatórias.
Mas isso não é verdade.
A Psicanálise descobriu que NADA no nosso comportamento acontece por puro acaso.
Temos a ilusão de que certas ações são completamente sem sentido porque frequentemente o agente não tem consciência dos verdadeiros motivos que o levaram a se comportar daquela forma.
Leandro, por exemplo, se perguntado, dirá que simplesmente gosta de saber que seus objetos estão devidamente organizados sobre a mesa.
Jéssica, por sua vez, pode dar algumas desculpas ou dizer que realmente não consegue entender por que sempre se atrasa.
E Rafaela argumentará que só não curte o sabor e/ou o cheiro da cenoura, que sente nojo do legume etc.
Ou seja, essas três pessoas até podem tentar explicar seus comportamentos, mas, no fim das contas, acabarão dando a impressão de que se trata de manifestações mais ou menos arbitrárias.
Isso acontece porque, na maioria das vezes, nós não conseguimos identificar imediatamente a cadeia de associações de ideias que estão na base de nossas ações.
A organização da mesa de Leandro pode estar associada à DESORGANIZAÇÃO de seus desejos sexuais.
O atraso de Jéssica pode estar associado ao ódio reprimido que ela tem por sua terapeuta.
A rejeição de Rafaela à cenoura pode estar associada à memória de um episódio traumático na infância.
Todas esses vínculos associativos se mantêm afastados da consciência para que a pessoa não sofra com eles.
Lucas Nápoli
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