Vivemos a era da ostentação mediúnica, onde virou moda apresentar um currículo extenso de entidades, comandos estelares e hierarquias cósmicas antes mesmo de dizer "bom dia". Pessoas que mal dominam as próprias sombras se auto intitulam embaixadoras de meias galáxias. O discurso seduz pela grandiosidade e pela promessa de exclusividade, mas a mecânica por trás disso é óbvia e terrestre: cria-se um funil de devoção onde a carência do seguidor é capturada pela "autoridade" inquestionável de nomes pomposos.
O perigo real não está nas entidades, mas na vitrine que se faz delas. Falsos guias operam na lógica da planta carnívora: a aparência é bela, o aroma é de acolhimento, mas a função é predatória. Eles dizem exatamente o que o ego infantil quer ouvir — proteção absoluta, caminhos abertos sem esforço e missões grandiosas. É um sistema desenhado para gerar conforto imediato e cegueira a longo prazo, substituindo o trabalho de consciência real por uma sedação espiritual.
A grande maioria desses "trabalhos" atua apenas na superfície das demandas mundanas. Limpeza de caminhos, amarração, destravamento financeiro... tudo isso trata o sintoma, jamais a causa. Poucos têm a coragem (ou a competência) de tocar na estrutura da alma: os contratos, a hereditariedade simbiótica e os padrões de fuga. O mercado da fé prefere manter o cliente em "manutenção eterna", aliviando a dor pontual para garantir que ele volte na semana seguinte, dependente e sem autonomia.
Para sustentar esse teatro, usa-se a "autoridade emprestada". Médiuns inseguros usam nomes de seres e falanges como crachá para validar o que dizem, confundindo cenário com conexão. Usam jargões complexos e estética mística para simular profundidade, quando, na verdade, estão apenas ecoando a própria vaidade. Quem realmente acessa altas hierarquias não precisa de palco nem de confete; a frequência do trabalho fala por si só, sem a necessidade de gritar títulos.
A verdadeira espiritualidade é libertadora, nunca aprisionadora. Conexão real não te coloca numa coleira emocional e nem te faz refém de um guru ou de um guia específico para tomar decisões básicas da vida. O critério de discernimento é simples e brutal: se depois de uma "conexão" ou atendimento você se sente mais dependente do mensageiro do que da sua própria essência, cuidado. Isso não é sagrado, é apenas marketing manipulativa vestindo roupa branca.
Luz e Consciência

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