12/12/2025

ILUSÃO ÓPTICA


A ilusão de ótica não acontece apenas nos olhos, mas na forma como você enxerga o mundo e a si mesmo. O cérebro não mostra a realidade crua, mas uma versão editada, filtrada e recortada do que ele julga necessário para sua funcionalidade. Ele completa o que não entende, distorce o que não encaixa e apaga o que dói. O resultado é que você não vive o que é, mas vive aquilo que foi treinado a perceber.

Na alma o processo é parecido, porém mais profundo. Você não se enxerga como é, mas a partir dos seus registros de rejeições, expectativas, culpas e crenças herdadas. Tudo isso funciona como uma lente viciada. A pessoa se olha no espelho e não vê o ser, vê apenas o roteiro de que não é suficiente ou de que sempre estraga tudo. Isso não é verdade, é apenas memória projetada e uma ilusão de ótica emocional.

O mundo que você jura ser duro, injusto ou frio pode ser a soma das suas distorções internas projetadas para fora. Assim como uma imagem ambígua muda dependendo do foco, a realidade também se altera conforme o ponto onde a alma está presa. Quem vive travado no abandono enxerga abandono em tudo, assim como quem vive condicionado à culpa a enxerga até quando ninguém cobra nada. O cenário até muda, mas a leitura continua a mesma.

O problema real é que a ilusão é confortável e familiar. A mente prefere sustentar uma visão distorcida conhecida a arriscar enxergar algo novo que quebre o personagem. A alma acaba se moldando à narrativa e começa a acreditar que é o que vive, em vez de perceber que apenas repete um ângulo de visão. A prisão não está nos fatos, mas sim na forma como você foi treinado a interpretar cada um deles.

No fim, a maior ilusão de ótica não é a do olho, é a da identidade. Não é o mundo que some ou aparece, é você que some de si mesmo no meio das próprias distorções. Até que essa ficha caia, a alma continua tentando se enxergar através de espelhos quebrados, achando que é defeito o que na verdade é apenas um reflexo torto.

Luz e Consciência 

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