06/12/2025

A alma não se aprisiona no corpo


A alma não se aprisiona no corpo — ela se aprisiona no que não lembra. Não é a matéria que limita, é o esquecimento. Carregamos um acervo gigantesco de vidas, pactos e dores, mas apenas uma fração chega à superfície. O restante opera no silêncio, como um software invisível rodando em segundo plano, guiando passos que acreditamos serem conscientes.

O inconsciente da alma é a extensão daquilo que fomos e não encerramos. Traumas não dissolvidos e contratos antigos continuam ativos, e a mente só percebe o sintoma, nunca a origem. Por isso repetimos padrões e amamos o que fere: não é fraqueza, é uma programação antiga ditando escolhas. A vida vira reflexo de arquivos passados, e não de decisões livres.

Assim como na física a informação não se perde, na alma nada deixa de existir — apenas muda de estado e desce para camadas profundas. Quando o presente toca uma frequência antiga, a memória reacende. O medo, a raiva ou a solidão surgem "do nada", mas a verdade é crua: o passado não volta no tempo; ele volta no corpo, como uma sensação física imediata.

Essa é a verdadeira prisão: reagir antes de entender. A alma se defende de perigos que já passaram e busca caminhos que já não servem. O que chamamos de "destino" muitas vezes é apenas a repetição cega de um ciclo que a consciência ainda não iluminou. Enquanto não houver observação, haverá repetição.

A libertação não exige lembrar de cada detalhe, mas reconhecer o padrão agora. Ao perceber a repetição e sentir que "já viveu isso antes", você interrompe o automatismo. A alma volta para o presente. Porque liberdade espiritual não é fugir para outro plano ou dimensão. Liberdade é conseguir, finalmente, ocupar este aqui.

Luz e Consciência 

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