A escolha amorosa raramente é consciente. Por trás de cada encontro, paixão ou apego, existe um tecido profundo de memórias emocionais, experiências infantis e necessidades não resolvidas que moldam silenciosamente nossas preferências. É por isso que tantas pessoas, mesmo desejando algo diferente, acabam repetindo o mesmo tipo de parceiro e, muitas vezes, o mesmo tipo de sofrimento.
Desde a infância, aprendemos o que é amor através das relações que tivemos com nossos cuidadores. Não aprendemos apenas o que recebemos, mas também o que faltou. Esses vínculos iniciais criam matrizes internas que determinam o que nos parece familiar, seguro ou atraente. Assim, tendemos a buscar parceiros que reencenam padrões antigos, mesmo quando esses padrões nos machucam.
A repetição tem uma lógica inconsciente:o sujeito tenta, em cada nova relação, reparar aquilo que ficou inacabado na sua história emocional.
Escolhemos alguém semelhante ao pai, à mãe ou à figura de cuidado não porque queremos sofrer, mas porque, lá no fundo, desejamos “fazer dar certo” desta vez. É uma tentativa de cura só que feita com as ferramentas da dor, não da consciência.
Além disso, nosso sistema nervoso também participa desse processo. O cérebro se acostuma a determinados tipos de vínculo, mesmo quando são instáveis, distantes ou abusivos. O conhecido parece seguro, e o desconhecido mesmo que saudável pode gerar ansiedade. Muitas pessoas rejeitam parceiros que oferecem afeto genuíno porque o corpo não reconhece esse padrão como “familiar”.
Romper com ciclos repetitivos exige consciência e coragem. Exige olhar para a própria história e perceber que a escolha amorosa não nasce no momento do encontro, mas muito antes, nas camadas profundas do inconsciente. Exige também aprender a diferenciar o que é familiar do que é saudável.
Quando compreendemos que repetimos não por destino, mas por lealdade emocional aos nossos primeiros vínculos, abrimos espaço para algo novo.
E, pela primeira vez, podemos escolher não apenas o tipo de parceiro que desejamos mas também o tipo de amor que acreditamos merecer.
Texto por: Psicanalise Inconsciente

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