Durante as encarnações, a alma não apenas vive experiências — ela se fragmenta. Cada vez que entra em um corpo, ela deixa partes para trás. Fica presa em dores não resolvidas, em contratos aceitos por ignorância, em traumas que atravessam gerações. E assim, a cada reencarnação, vai se perdendo de si mesma. Vai esquecendo quem é.
O esquecimento da alma não acontece de uma vez. Ele é induzido camada por camada, com reforço emocional, genético, dimensional. Começa com o véu do nascimento e continua com os sistemas de crença, com as obrigações impostas, com as identidades que ela é forçada a vestir. Cada papel que assume é uma memória que abandona. E ao final de muitos ciclos, a alma está operando em piloto automático, guiada por padrões que nem sabe de onde vieram.
Esse processo de fragmentação contínua não só desorienta — ele apaga. Apaga o código original. Apaga a linha de dobra que ligava aquela alma à sua origem. Apaga a verdade sobre por que ela veio, sobre o que já rompeu, sobre quem tentou enganá-la. E quando ela tenta despertar, encontra buracos. Encontra campos vazios onde antes havia sabedoria. Sabe que existe algo, mas não consegue acessar. Sabe que foi algo, mas não se lembra.
Chega um ponto em que a alma já não sente que é inteira. Ela está viva, mas dividida. Está aqui, mas fragmentada em múltiplas realidades simultâneas, como se pedaços dela tivessem sido sequestrados e inseridos em outras histórias. E mesmo quando tenta se reconstruir, muitas vezes o que volta é uma versão parcial, moldada por memórias editadas, por camadas falsas de luz ou por estruturas mentais de defesa.
Esse é o verdadeiro esquecimento espiritual. Não é apenas não lembrar do passado. É não conseguir mais acessar o próprio campo original. É operar sob interferência sem saber. É carregar códigos que não reconhece, cumprir missões que não assinou, sentir dores que não são suas, mas que se tornaram. A alma esquece porque foi diluída. Fragmentada. Reescrita.
Luz e Consciência
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