Algumas estações não nos pedem pressa — pedem escuta. O inverno chega assim: com mãos frias e olhar sereno, convidando-nos a repousar o verbo e acolher o vazio que tanto evitamos. É nele que o silêncio ganha voz, e nos tornamos páginas em branco prontas para novas palavras.
Quando o mundo se aquieta, escutamos o que normalmente abafamos: as entrelinhas da nossa história. Percebemos que há versões de nós que foram escritas com urgência, moldadas por expectativas alheias ou por feridas que não sabíamos nomear. Mas no recolhimento invernal, tudo isso repousa — e ali, renasce a possibilidade de nos reescrevermos com mais verdade.
Não é um processo ruidoso. A reconstrução íntima acontece nos detalhes: no suspiro que acompanha uma lembrança antiga, no arrepio diante de uma nova compreensão, na lágrima que cai sem tristeza — apenas alívio.
O inverno ensina que não é preciso florear para existir com profundidade. Ele é mestre da pausa fértil, do ritmo desacelerado, da transformação silenciosa. Ao seu som, a alma escava suas próprias camadas e encontra sementes esquecidas — prontas para germinar assim que a luz voltar.
E quando voltarmos a florescer, não seremos os mesmos. Seremos mais inteiros. Porque ousamos escutar aquilo que o silêncio revela.
Portais Terapêuticos
Consciência que Cura!
Nenhum comentário:
Postar um comentário