25/06/2025

A Arte da Prudência


Tudo alcança a perfeição, e tornar-se uma verdadeira pessoa constitui a maior perfeição de todas.

Fazer um sábio no presente exige mais do que se exigiu para fazer sete no passado. E atualmente é preciso mais habilidade para se lidar com um só homem do que antigamente com todo um povo.

Caráter e Inteligência

São os pólos que fazem luzir os predicados. Um sem a outra é apenas meia felicidade. Não basta ser inteligente; é preciso também ter o caráter apropriado. O tolo fracassa por desconsiderar sua condição, posição, origem, amizades.

Manter o suspense

O êxito inesperado ganha admiração. O que é obvio não é nem inútil, nem de bom gosto. Não se declarar de imediato atiça a curiosidade, em especial se a posição é importante o bastante para causar expectativas. O ministério, por sua característica arcana, provoca a veneração. Mesmo ao se revelar, evita a franqueza total e não permite que todos venham a franquear o seu íntimo. É no silencio cauteloso que a sensatez se refugia. As decisões, uma vez declaradas, nunca granjeiam estima e expõem à censura. Se desacertadas, estará duplamente desgraçado. Se quiser atenção e desvelo, imite a divindade.

Conhecimento e coragem se alternam na grandeza

Sendo imortais, imortalizam. Você é um tanto quanto sabe, e se for sábio é capaz de tudo. Homem sem saber, mundo às escuras. Discernimento e força; olhos e mãos. Sem valor, a sabedoria é estéril.

Fonte: A arte da prudência de Baltasar Gracian

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