Ele tentou de tudo, mas não conseguia parar. Seu recorde foram dois meses.
— Não dá. Eu não dou conta de ficar sem fazer isso…
Assim Marcos concluiu a longa descrição de seu vício em se tocar assistindo a conteúdo adulto na internet.
Fernanda, a psicanalista que o escutava naquela tarde, disse que havia entendido e pediu que ele falasse sobre sua vida de forma geral.
O rapaz tinha 25 anos, namorava Isabela há três e começou a consumir conteúdo adulto em meados da adolescência.
— Meus pais trabalhavam fora. Então, tinha dia que eu passava a tarde inteira vendo vídeos e me tocando.
Os dois meses em que Marcos conseguiu ficar sem fazer isso foram justamente os dois primeiros meses de namoro.
Ele estava tão apaixonado por Isabela que não sentia a menor vontade de se tocar.
Porém, pouco a pouco o vício foi sendo retomado e acabou se fortalecendo depois que o casal começou a se desentender.
— Já houve vezes em que eu preferi ir ao banheiro me tocar do que aceitar o convite dela para fazermos amor.
À medida que o paciente narrava sua história, Fernanda percebia que o consumo de conteúdo adulto tinha uma função defensiva para Marcos.
— Tem alguma técnica que você pode me passar para parar com isso de uma vez?, perguntou o rapaz ao final da sessão.
Após alguns segundos em silêncio, a analista respondeu:
— Nenhuma técnica vai funcionar enquanto você não entender do que está fugindo, Marcos. E enquanto não se tornar forte o bastante para parar de fugir.
O paciente ficou um pouco surpreso e abaixou a cabeça.
Fernanda entendeu que aquele era um momento oportuno para encerrar e o fez agendando a próxima sessão para a semana seguinte.
Sim, o consumo compulsivo de conteúdo adulto é fuga, é defesa, é recusa de uma realidade que PARECE ameaçadora.
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