Há uma dor silenciosa que habita muitos homens. Uma dor que não se vê, mas se sente. Ela se esconde atrás da raiva, da rigidez, da ausência. É a ferida do masculino — aberta por gerações de repressão, abandono, violência e desconexão. É a dor de não ter sido ouvido, de não ter sido acolhido, de não ter aprendido a sentir.
Essa ferida não é culpa. É herança. É o peso de uma masculinidade construída sobre o medo de parecer fraco, sobre a obrigação de ser invulnerável, sobre o silêncio imposto às emoções. Muitos homens carregam essa dor sem saber. Repetem padrões, afastam-se de si mesmos, vivem em constante defesa. Mas há um caminho de volta. E ele começa com a coragem de olhar para dentro.
Curar o masculino ferido é um ato sagrado. É reconhecer que há partes de si que foram esquecidas, negadas, reprimidas. É permitir que o menino interior — aquele que só queria ser visto, amado, aceito — volte a respirar. É acolher as lágrimas que nunca foram choradas, os medos que nunca foram ditos, os afetos que nunca foram vividos.
Essa cura não acontece sozinho. Ela precisa de espaço, de escuta, de presença. Precisa de outros homens que também estejam dispostos a se despir das máscaras e caminhar juntos. Precisa de círculos, de rituais, de silêncio compartilhado. Precisa da força do coletivo para sustentar o mergulho individual.
No sagrado masculino, curar é integrar. É unir o guerreiro com o cuidador, o racional com o sensível, o firme com o fluido. É deixar que o coração conduza, que o corpo fale, que a alma se manifeste. É transformar dor em sabedoria, ferida em força, sombra em luz.
E quando o homem cura seu masculino ferido, ele não apenas se liberta — ele liberta seus filhos, seus pais, seus ancestrais. Ele interrompe ciclos. Ele abre caminhos. Ele se torna fonte de amor, de presença, de verdade.
Porque o homem que se cura... cura o mundo.
Consciência que Cura
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