Na psicologia, a impermanência é mais do que um conceito — é um lembrete constante de que tudo está em processo. No budismo, essa percepção se torna prática: nada é fixo, nada é definitivo. A ciência confirma: cada célula, cada sinapse, cada padrão de pensamento se transforma. Estamos vivos dentro de um rio que nunca repete a mesma água.
O sofrimento nasce quando tentamos nadar contra a corrente. O apego é a âncora que nos prende a imagens, certezas e pessoas como se fossem imutáveis. Mas a vida é líquida: molda-se, evapora, condensa e retorna em novas formas. Entender isso não é perder, é aprender a dançar com o movimento.
No espaço terapêutico, aceitar a impermanência é abrir mão da ilusão de controle. Ansiedade e depressão perdem força quando percebemos que nada, nem mesmo a dor, é eterno. Emoções passam como ondas: intensas, mas destinadas a se dissolver. Observar sem se afogar é um exercício de liberdade.
O budismo não vê fim como tragédia, mas como espaço para o próximo começo. A consciência de que tudo termina é também a certeza de que tudo pode renascer. Essa visão não nos convida a temer o tempo, mas a usá-lo como aliado, transformando cada instante em matéria-prima para novos capítulos.
Aceitar a impermanência é entender que o rio flui, queira você ou não. Resistir é exaustivo, ceder é libertador. Ao invés de lutar contra o curso, mergulhe. É no mergulho, e não na margem, que a vida revela sua força mais pura.
Luz e Consciência
Nenhum comentário:
Postar um comentário