23/08/2025

Entre querer e poder, qual parte em mim duvida?


Há um espaço silencioso entre o desejo e a ação. Um intervalo quase imperceptível onde mora a hesitação — essa voz sutil que não grita, mas pesa. Digo que quero, afirmo que posso, mas algo em mim recua. E nesse recuo, nasce a dúvida.

Às vezes, o nome que dou a esse intervalo é procrastinação. Mas será mesmo só preguiça? Ou seria um medo disfarçado, vestido de distração, enrolado em desculpas? Talvez minha hesitação não seja inimiga, mas guardiã. Talvez ela esteja tentando proteger algo que ainda não compreendo.

Então, hoje, faço um convite à parte de mim que hesita:  

O que você quer proteger?  

Será o medo de falhar? 

De não ser suficiente? De ser vista? Ou talvez o receio de que, ao realizar, eu precise abandonar a versão confortável de mim que vive no “quase”?

Entre querer e poder, há um campo fértil para o diálogo interno. E se eu escutar com atenção, talvez descubra que a dúvida não é um obstáculo, mas um portal. Um convite à coragem de compreender antes de agir. Porque às vezes, o verdadeiro poder não está em vencer a hesitação — mas em acolhê-la, entendê-la, e então, caminhar com ela ao lado.

A dúvida não é o fim. É o início da escuta.

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Práticas para transformar hesitação em clareza

Em vez de lutar contra a hesitação, podemos aprender a acolhê-la com curiosidade e compaixão. Aqui estão práticas que ajudam a transformar esse espaço de dúvida em terreno fértil para ação consciente:

1. Escuta interna consciente

Reserve alguns minutos em silêncio. Pergunte a si mesma:  

“O que estou sentindo agora?”  

“O que essa hesitação quer me dizer?”  

Não julgue. Apenas observe. A hesitação pode revelar medos legítimos ou necessidades não atendidas.

2. Escrita reflexiva

Escreva livremente sobre o que você quer fazer e o que está te impedindo.  

Use perguntas como:  

- “O que eu temo que aconteça se eu agir?”  

- “Qual parte de mim está tentando me proteger?”  

- “O que eu preciso para me sentir segura para avançar?”

3. Microações com propósito

Divida a ação desejada em passos mínimos. Escolha uma ação tão pequena que não gere resistência.  

O movimento gera clareza — e a clareza dissolve a hesitação.

4. Diálogo com a hesitação

Imagine que sua hesitação é uma personagem interna. Pergunte:  

“Por que você está aqui?”  

“O que você quer proteger?”  

Responda com compaixão, como se estivesse conversando com uma criança assustada.

5. Prática de autocompaixão

Reconheça que hesitar é humano. Use afirmações como:  

- “Está tudo bem não saber ainda.”  

- “Eu posso ir no meu ritmo.”  

- “Mesmo com medo, posso dar um passo.”

6. Clareza de intenção

Relembre o “porquê” por trás da ação. Pergunte:  

“O que isso representa para mim?”  

“O que quero sentir ao realizar isso?”  

Conectar-se ao propósito maior reacende a motivação.

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Entre querer e poder, há uma ponte feita de escuta, gentileza e pequenos passos. E cada vez que atravesso essa ponte, descubro que a dúvida não me separa do meu caminho — ela apenas me convida a caminhar com mais consciência.

Consciência que Cura!

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