Poucos pais percebem a força sutil e transformadora que habita o instante sagrado do sono.
A ciência chama de hipnopedia. A espiritualidade, talvez, chamasse de semeadura divina, quando o solo mais fértil da alma infantil se abre em silêncio, aguardando palavras que curem, fortaleçam e inspirem.
Quando uma criança adormece, seu corpo descansa, mas sua consciência se expande. É nesse intervalo invisível entre o mundo externo e o mundo interior que as palavras, se ditas com ternura e intenção, não apenas tocam, elas plantam.
Não se trata de truques ou encantamentos. Trata-se de compreender que o inconsciente da criança é maleável, permeável, vivo. E tudo o que vibra perto dela durante o sono, seja medo ou amor, ela absorve.
Frases simples como “você é amado”, “você está seguro”, “você nasceu para o bem” não desaparecem ao serem sussurradas. Elas se depositam onde a insegurança crescia em silêncio. Elas acalmam zonas de medo, dissolvem tensões, restauram a confiança e reorganizam a alma.
Em crianças ansiosas, desafiadoras ou sensíveis demais, esse gesto singelo, repetido com paciência, pode mais do que longos discursos. A inquietação se suaviza. O medo se aquieta. A alma volta ao seu centro.
Porque a verdadeira transformação não começa nas grandes lições, mas nas pequenas atitudes diárias especialmente aquelas que ninguém vê. E poucas são tão poderosas quanto essa: uma voz amorosa, em murmúrio sereno, oferecida no momento em que o espírito da criança repousa nos braços de quem ela mais confia.
Você não está apenas criando um filho. Você está formando uma alma.
E o que você planta nela, mesmo adormecida, florescerá.
Lanterna Mágica
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