25/09/2025

O Grito


Aqui está o grito que tenta afastar, ou pelo menos atenuar, a violência da dor sentida.  

Deve ser uma dor lancinante, uma dor lancinante que tira o fôlego e impede a respiração, que aperta o coração e o envolve como uma armadura do metal mais duro, impossibilitando sua contração.

Uma dor que o cérebro tenta rejeitar, que o afasta e o faz pensar que a sonhou, porque torná-la realidade seria:

- um tornado que varre e destrói tudo,

- um banho em água fervente,

- um sarcófago construído com mil agulhas que perfura enquanto se fecha inexoravelmente sobre si mesmo,

- uma catástrofe.

Os olhos se fecham como se as pálpebras pesassem toneladas, as mãos... sim, as mãos se retraem e os dedos tentam cravar as unhas na carne para provocar outra dor que, penetrando, talvez acalme, mesmo que por um instante, a dominante, a não aceita.

E lá está, a primeira lágrima: a primeira e leve tentativa de trazer tudo de volta à realidade, de permitir que o corpo torturado e maltratado tente respirar superficialmente; de sentir um resquício de esperança de que possa ser suportado. Com ela, tanto do que aconteceu naquele momento escorre pelo rosto, lentamente... chega ao canto da boca e seu sabor salgado oferece uma carícia, um abraço, uma lembrança de belos momentos, compartilhados e vividos.

Mas é apenas um instante... e então, novamente, cada vez mais intenso, cada vez mais violento, cada vez mais inaceitável... lá está, fazendo os dentes rangerem, fazendo o soluço como uma criança caída incapaz de se levantar sem o abraço da mãe, que prontamente o tranquiliza enquanto beija seu joelho ralado.

Então, finalmente, chega: é resignação; é consciência, é aceitação forçada, é instinto de sobrevivência, é ver uma pequena luz lá embaixo, além da escuridão que tudo aniquila e apaga.

Sergio Giacone

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