O problema nunca foi o álcool, a comida, o dinheiro, uma arma ou as apostas.
O verdadeiro problema é sempre o excesso, o descontrole e, sobretudo, a necessidade humana de terceirizar a própria culpa.
Transformamos objetos neutros em vilões para não encarar a única variável que realmente importa: nós mesmos.
É mais fácil culpar a bebida do que reconhecer a fragilidade emocional.
É mais confortável culpar a comida do que admitir o vazio interno que tentamos preencher.
É mais conveniente culpar o jogo do que assumir a falta de limites.
E é sempre mais simples responsabilizar o mundo do que encarar o espelho.
Fazer isso agrada ao ego, essa máquina interna que vive em busca de justificativas prontas , mas sabota o nosso amadurecimento. Porque não existe evolução emocional sem a coragem de assumir responsabilidade sobre o que sentimos, escolhemos e fazemos.
A autoresponsabilidade é a linha tênue que separa a infância emocional da maturidade.
É reconhecer que todos nós carregamos luz e sombra, virtudes e falhas, grandeza e fragilidade.
Negar a própria sombra é viver numa eterna infantilidade espiritual; é estagnar a consciência num ciclo de repetição, culpa e vitimização.
Quando fugimos da responsabilidade pelos nossos erros, adiamos nosso próprio despertar.
Mas quando acolhemos nossas falhas com humildade e honestidade, algo poderoso acontece: transformamos cada queda em aprendizado, cada ferida em força, cada erro em sabedoria.
No fim, o grande inimigo nunca é “o mundo lá fora”, mas a recusa em enfrentar o universo aqui dentro.
E o grande salto da consciência começa exatamente quando paramos de apontar dedos e começamos a abrir os olhos.
Wando Kist

Nenhum comentário:
Postar um comentário