02/10/2025

Autocuidado como Ato Filosófico: Cuidar de Si é Pensar Sobre Si


Em um mundo que nos empurra para fora de nós mesmos — para o desempenho, para a produtividade, para o consumo — cuidar de si tornou-se um ato quase subversivo. Mas e se o autocuidado não for apenas uma prática de bem-estar, e sim uma postura filosófica diante da vida?

Cuidar de si é mais do que aplicar uma máscara facial ou tirar um dia de descanso. É um gesto de retorno. Um movimento de escuta. É perguntar: quem sou eu agora? O que me dói? O que me nutre? Nesse sentido, o autocuidado se aproxima do autoconhecimento, mas vai além: ele exige ação consciente. É filosofia encarnada.

Michel Foucault, em seus estudos sobre a ética do cuidado de si, resgata a tradição greco-romana em que o sujeito não apenas se conhece, mas se transforma por meio desse conhecimento. Cuidar de si é, portanto, um exercício de liberdade. É escolher-se, mesmo quando o mundo exige que sejamos outros.

Esse cuidado não é indulgente, nem egoísta. Ele é radical. Porque implica responsabilidade sobre a própria existência. Implica reconhecer que o corpo é território, que os sentimentos são bússolas, e que o silêncio pode ser mais revelador do que mil palavras.

Filosofar é perguntar. Cuidar de si é escutar. E quando essas duas práticas se encontram, nasce uma ética do cotidiano: uma forma de viver que não se baseia em fórmulas prontas, mas em presença. Em atenção. Em coragem para se olhar sem máscaras.

Autocuidado, então, não é fuga. É enfrentamento. É o ato de se colocar no centro da própria vida, não como quem se isola, mas como quem se prepara para estar inteiro no mundo.

Consciência que Cura.

Gratidão por estar aqui!

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