O corpo não é apenas matéria — é memória, linguagem, fronteira e abrigo. É nele que habitamos o mundo e é por meio dele que sentimos, reagimos, resistimos. Pensar o corpo como território filosófico é reconhecer que ele não é neutro: é atravessado por histórias, afetos, normas e escolhas. E cuidar desse território é um ato político, ético e profundamente existencial.
Desde os antigos gregos, o corpo foi visto ora como prisão da alma, ora como instrumento da razão. Mas é na contemporaneidade, com pensadores como Michel Foucault, que o corpo ganha centralidade como espaço de poder e resistência. Foucault nos mostra que o corpo é moldado por discursos — médicos, religiosos, jurídicos — que tentam normatizar o que é saudável, belo, aceitável. E é justamente nesse campo de forças que o autocuidado se torna um gesto de autonomia.
Autoconhecer-se, nesse contexto, é escutar o corpo. É perceber os sinais sutis que ele envia: o cansaço que não é preguiça, a dor que não é fraqueza, o desejo que não é pecado. É entender que o corpo fala — e que ignorá-lo é calar uma parte essencial de quem somos.
Resignar-se, por vezes, é aceitar que o corpo tem limites. Que ele não é máquina, nem projeto de perfeição. É aprender a respeitar seus ritmos, suas pausas, suas imperfeições. E nesse respeito, nasce o verdadeiro autocuidado: aquele que não se baseia em padrões externos, mas em escuta interna.
Filosofar com o corpo é viver com presença. É estar inteiro em cada gesto, em cada respiração, em cada toque. É reconhecer que o corpo não é algo que temos — é algo que somos. E que cuidar dele é cuidar da nossa própria existência.
Portais Terapêuticos
Consciência que Cura!

Nenhum comentário:
Postar um comentário